Entre alegrias e dores.
Numa alegria tímida, ela ia contando que a cura havia acontecido em sua família. Após semanas de internação, seu familiar voltava para casa. Dias de sofrimento e medo, que agora davam lugar ao alívio e à esperança de dias melhores.
Tudo sendo dito naquele tom de alegria tímida. O receio de incomodar outros tantos corações que sofrem o medo da perda ou o luto da partida.
Que tempos temos vivido! A vergonha de estar feliz e incomodar os que sofrem.
Ouvindo sua partilha, vi generosidade, compaixão, solidariedade. Vi beleza.
E vi também os aprendizados que estavam ali pra gente.
Vivemos tempos jamais imaginados. Um turbilhão de emoções nos atravessam de forma tão avassaladora, que mal dá tempo nomeá-los e acolhê-los.
O alívio do resultado negativo, o medo quando é positivo. A solidão do isolamento, da UTI, a esperança renovada pela videochamada. O terror da entubação, a alegria da alta, a dor dilacerante da morte.
Vivemos tudo isso. A covid nos atravessa, seja em nossa própria história, seja nas histórias que acompanhamos.
Entre alegria e tristeza, cansaço e esperança, medo e coragem, cada um de nós vai aprendendo a caminhar nessa estrada tortuosa da pandemia.
Sentimos muito! E tudo cabe.
Vamos aprendendo a importância de acolher a nós mesmos e o que sentimos. Olhar para as nossas experiências com compaixão e amor. Se é alegria, celebramos. Se é dor, acolhemos.
Cada um de nós está vivendo uma realidade singular dentro do caos coletivo. Nossa dor não é única, nossa alegria também não.
Lembremos disso!
E partilhar humanidade será o jeito de sobrevivermos.
A melhor maneira de cuidar do EU é cultivar o Nós.
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