top of page

A morte é um visitante em todo curso da terapia




Um terapeuta enluta sim.

Sente por excluir o link do zoom com aquele nome tão familiar. Olha para aquele espaço na agenda, agora preenchido de saudade. Sente por concluir o prontuário e arquivá-lo, como quem fecha um livro já tão companheiro, ao fim de sua história.


Atos aparentemente simples, mas que vivificam a perda.

Um terapeuta enluta sim.

Relembra as histórias, as risadas, os choros enfim liberados, os olhos de encantos pelas descobertas e conquistas. E sente tristeza e alegria por aquele Ser único que fez parte de seu caminho. E sente paz por ter contribuído para uma finitude digna.


Um terapeuta enluta sim.

Também respira a morte, revê a sua finitude, revisa as próprias pendências e sente no corpo o impacto que a impermanência faz sentir.


Enluta. Dói. Sente a dor. Sabe que precisará acomodá-la. E mesmo assim, sorri.

Celebra por não desejar outra coisa, senão viver tudo isso, sentir tudo isso, por escolher estar com aquela pessoa, cuidar dela e tornar aquele encontro parte de sua própria história.


Ser paliativista e trabalhar com finitude não evita sentir essa experiência. Ao contrário, revela que ninguém é imune ao ciclo da totalidade da vida.


Enlutamos porque somos humanos.

Ainda bem!


Por psicóloga Flávia Vieira

Posts Em Destaque
Verifique em breve
Assim que novos posts forem publicados, você poderá vê-los aqui.
Posts Recentes
Arquivo
Procurar por tags
Siga
  • Facebook Basic Square
  • Twitter Basic Square
  • Google+ Basic Square
bottom of page