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A morte é um visitante em todo curso da terapia




Um terapeuta enluta sim.

Sente por excluir o link do zoom com aquele nome tão familiar. Olha para aquele espaço na agenda, agora preenchido de saudade. Sente por concluir o prontuário e arquivá-lo, como quem fecha um livro já tão companheiro, ao fim de sua história.


Atos aparentemente simples, mas que vivificam a perda.

Um terapeuta enluta sim.

Relembra as histórias, as risadas, os choros enfim liberados, os olhos de encantos pelas descobertas e conquistas. E sente tristeza e alegria por aquele Ser único que fez parte de seu caminho. E sente paz por ter contribuído para uma finitude digna.


Um terapeuta enluta sim.

Também respira a morte, revê a sua finitude, revisa as próprias pendências e sente no corpo o impacto que a impermanência faz sentir.


Enluta. Dói. Sente a dor. Sabe que precisará acomodá-la. E mesmo assim, sorri.

Celebra por não desejar outra coisa, senão viver tudo isso, sentir tudo isso, por escolher estar com aquela pessoa, cuidar dela e tornar aquele encontro parte de sua própria história.


Ser paliativista e trabalhar com finitude não evita sentir essa experiência. Ao contrário, revela que ninguém é imune ao ciclo da totalidade da vida.


Enlutamos porque somos humanos.

Ainda bem!



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